A ORIGEM DA FESTA DO DIVINO
A origem da festa do Divino remonta às
celebrações religiosas realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais a terceira pessoa da Santíssima Trindade era
festejada com banquetes coletivos designados de Bodo aos Pobres com
distribuição de comida e esmolas.
Há referências históricas que indicam
que foi inicialmente instituída, em 1321, pelo convento franciscano de Alenquer sob proteção da Rainha Santa Isabel de
Portugal e Aragão.
A devoção ao Divino encontrou um solo
fértil para florescer nas colônias portuguesas, especialmente no arquipélago dos Açores. De lá, espalhou-se para outras áreas colonizadas por açorianos,
como diversas partes do Brasil.
Diz
a lenda que a Imperatriz Isabel viveu em uma época conturbada em Portugal,
quando a vida econômica agravava-se devido às lutas internas, políticas e
bastidores, perturbando a administração e pondo em risco a segurança do trono.
Foi então que a soberana teve a atitude insólita, abdicando a coroa em favor do
Divino Espírito Santo. Profundamente religiosa e possuidora de uma fé
inabalável, a soberana resolveu que, enquanto não fossem solucionados os graves
problemas, reinaria sobre Portugal a terceira pessoa da Santíssima Trindade. A
Imperatriz recolheu-se a um convento e aguardou os acontecimentos. Atendendo
aos apelos do povo, a Imperatriz resolveu retornar ao trono, realizando novo
cortejo à Catedral, revestindo-se de sua realeza. A partir de então, a Imperatriz
repetia todos os anos, no dia de Pentecostes, a cerimônia de consagração do
reino do Divino Espírito Santo, em ação de graças pela felicidade e
prosperidade.
A história real nos confirma que após a morte de D.
Dinis, a 6 de janeiro de 1325, a rainha depôs as vestes reais, cortou o cabelo
e vestiu um simples hábito da Ordem Terceira de São Francisco. Depois de
procurar por todos os meios o sufrágio da alma do falecido rei, entregou-se de
corpo e alma ao cuidado dos pobres e enfermos nos hospitais e demais obras de
misericórdia. Sendo ela rainha, fazia-o com particular elevação de alma e
eficácia. Nesse mesmo ano, fez uma peregrinação a Santiago de Compostela pelo
eterno repouso do marido, e lá deixou sua coroa, jóias, vestes reais e muitos
outros dons de grande valor.
A santa rainha faleceu no dia 4 de julho de 1336,
aos 65 anos. Junto a seu túmulo multiplicaram-se os milagres. Entretanto Isabel
só seria beatificada em 1516 e canonizada em 1625. Nessa ocasião, quando
abriram o túmulo, encontraram seu corpo incorrupto, apesar de já terem
transcorrido quase trezentos anos de sua morte.
Na santa soberana de Portugal conjugam-se o fulgor da coroa real com a
virtude de exímia caridade e um dom especial de pacificadora, que marcaram toda
sua vida.
FONTE: PADRE HAMILTON SILVA CENTENO
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